sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Murros em ponta de faca


Amor,

Você me escreveu:

"Antes de mais nada, você não me magoou em nenhum momento. Não estou brava com você, nem chateada, nem nada. Apenas que, naquele sábado de manhã eu entendi que a pior coisa que existe é ficar dando murros na ponta de uma faca, é insistir em algo que não nos levará a lugar algum. E assim era o nosso caso."

Se não te magoei, foi porque você tem um coração tão bom que é quase incapaz de se magoar. Se eu te magoei é porque tenho um jeito desajeitado de amar. Machuco quem eu amo, ao invés de fazer e querer o bem da pessoa amada, acabo ferindo quem devia só fazer sorrir.

Naquele sábado, em que você compreendeu que não havia futuro para nós, eu compreendi que não há futuro para mim sem você. Ainda que eu viva mais 200 anos, serão vividos no passado, nos momentos que tivemos juntos, nas horas que posso dizer que realmente vivi.

A por coisa não é dar murro em ponta de faca. A pior coisa é viver sem uma pessoa sem a qual a vida é impossível. Eu esmurraria mil pontas de faca, enfiaria lascas de bambu sob as unhas, me cortaria com navalha e isso seria bem menos doloroso do que acordar sem você, se arrastar durante o dia só pensando em você longe de mim e sem falar comigo, ou falando com indiferença, e chegar a noite e não ter nada de você. Isso, meu amor, é bem pior que dar murros em ponta de faca.

Eu não me preocupava com onde nosso caso ia nos levar. Queria viver, e vivia, cada dia, cada hora, cada minuto que tinha com você como se fosse o último. Depois de você, nada, só o vazio, o éter espacial. Agora sei você, confirmo que há apenas um vazio desprovido de qualquer sentido, mas cheio de uma dor angustiosa. A vida sem você dói, e dói tanto que morrer é alívio.

Eu sei o que você está fazendo. É mais que uma desistência, é um ato de bravura. Não compreendo como você consegue fazer, me amando como dizia me amar. Da perspectiva do meu amor, isso é absolutamente impossível. Mas é porque não tenho a tua força, não fomos forjados do mesmo material. Eu sou covarde. Não tenho coragem e não tenho força para suportar a vida sem você.

Mas sou um covarde que te ama. E sempre amará.

Nota aos leitores deste blog: estas palavras são ao vento, pois ela não as está lendo.

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